quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Do Cinema e da Música

Conheci Máximo Barro em 1990, quando entrei na Faculdade de Cinema da FAAP, e imediatamente tomei-lhe como mentor, pois era ciente da minha grande ignorância em cultura cinematográfica geral. E ele tinha a aura mítica característica daquilo que convencionamos chamar "dinossauro" do cinema; não apenas um realizador, montador, pesquisador e professor, mas a história viva do cinema, homem de vasta cultura literária, musical e artística, uma enciclopédia cinematográfica que perambulava pelos corredores da FAAP. E isso sem ter nem ao menos curso superior! Esse aspecto me fascinava, porque transparecia nele a vívida paixão pelo que fazia, e ainda faz, e certamente atraente para quem queria aprender. Falava dos cineastas mais importantes do Brasil como quem contava histórias de família, com todos os requintes folclóricos dos personagens burlescos fellinianos. Surpreendi-me mais ainda quando, certa feita, mostrou-me uma pequena caixa de madeira com um fichário; dentro, pesquisa de punho próprio: em cada ficha, uma cidade, com endereço, data e título do filme, informações sobre as primeiras exibições de cada lugar, empreitada própria, sem nenhum apoio cultural... Máximo Barro tornou-se meu "pai" no cinema, como meu pai o fora na fotografia. E, certa vez, depois de uma aula brilhante sobre história do cinema brasileiro, comentei com ele, inocentemente: "Puxa, Máximo, eu queria gostar tanto de cinema quanto você". Ao que ele me respondeu: "Mas eu não gosto de cinema... gosto de Música".
Desde então perdi o medo de admitir que eu gosto mesmo é de música.
Obrigado, Máximo!
Abs